quarta-feira, 31 de março de 2010

Verona

30/03/2010
Meia noite.
Bom, acabo de terminar a leitura de "Os Sofrimentos do Jovem Werther" e nao ha como negar de que ele mecheu comigo. Uma leitura maravilhosa exprimindo uma torrente sentimental de um jovem apaixonado intensamente e devastadoramente... So penso no livro agora, mas devo escrever como fora o meu dia... Fui a Verona. Assim que acordei me arrumei todo e casquei fora. Peguei o trem. Pedi o mapa da cidade no centro de informacoes turisticas e me mandei. Desta vez sozinho, pela primeira vez sozinho na Italia. Me joguei na cidade. O primeiro ponto turistico foi a Arena. Um mini-coliseu muito bonito onde pagava-se um ingresso para entrar. Ha fotos. Uma coisa que me irrita um pouco nessas cidades turisticas é que sempre tem uma avenida ou um calçadao onde parecem shoppings a ceu aberto e te "obrigam" a passar apertado em frente das lojas de grife famosas e outras multinacionais... Tira um pouco da essencia e da historia da cidade. Depois de passar por um calçadao desses chego numa pequena praça onde se espalham pequenas tentas para vender bugigangas turisticas, tinha tambem na praça uma fonte, algumas esculturas (uma dela a de Dante Alighieri), uma torre de 83 metros a qual eu subi de escada (pagando tambem) para desfrutar de uma bela vista panoramica da cidade (e que bela) e a casa de Julieta (Giulieta em italiano). Demorei para citar isso mas Verona é sim o cenario da tragédia romantica de Sheakespere Romeu e Julieta. Vendo a cidade fica um pouco mais claro o motivo de tanta inspiraçao de Sheakespere. A cidade ganha com isso. Ha uma suposta casa de Julieta assim como a sacada de onde ela ouvia as declaracoes de amor de Romeu. Apenas 6€ a entrada. Me pergunte se eu entrei... Nao! De fora ja dava pra ver a modesta sacada e tambem uma escultura de bronze de Julieta onde todo mundo pegava em seu seio direito para tirar uma foto. Andando um pouco mais vejo uma loja da FNAC e entro, claro. Demorei mais ali do que em qualquer ponto turistico. Numa loja dessas se concentram as minhas coisas preferidas : CD's de musica, livros, computadores, livros, video-games, livros e tecnologia. Nao custa nada dar uma olhada. Lojas assim eu facilmente passo uma hora olhando e saio de maos vazias, e como é em outro pais fiquei mais tempo para dar uma olhada em que as pessoas deste lado do mundo estao lendo, escutando, jogando, comprando... Foi bom. Tinha ate uma estante so de musica brasileira. Estava recheada de musicas boas, porém esperadas de se encontrar por aqui: Chico Buarque, Caetano Veloso, Os Mutantes, Elis Regina, Baden Powell, Toquinho, Bebel Gilberto, Vanessa da Mata... Saio de la e uma dor de cabeça terrivel me ataca. Passeio, passeio, tiro fotos, vou para um canto afastado bem ao alto e sem ninguém, me sento na grama e medito. Uma sensaçao parecida com aquela do parque toma conta de mim, estava feliz. Haviam duas meninas alemas la em cima também, poupa-los-ei dos detalhes. Passeio, ando, desço, visito igrejas, atravesso pontes, arranho meu italiano, dou chau à crianças (as crianças me amam, nao é possivel! Eu também as amo!) Como algo pois ja eram 3 da tarde. Uma pizza e coca-cola (uma pena nao ter guarana aqui). Como tem alemaes aqui! Vi mais tedescos do que italianos na cidade. Ando mais, conheço mais lugares, tomo um sorvete e tomo também o rumo de volta para a estaçao de trem. Ah, conheci umas brasileiras de Sao Paulo, simpaticas até... e um casal de italianos aproveitando o belo e romantico passeio pela cidade "mais romantica" do mundo. Muitos alemaes! Ufa, ja disse? Antes de chegar na estaçao passo num parque onde se veem as muralhas da antiga cidade. Tranquilo e bonito. O trem atrasa, a cidade esfria... Ja no trem e sentado na minha cadeira volto a ler Werther e uma forte discussao sobre o amor me vem à cabeça, em meio à cidade de Romeu e Julieta com todo seu peso historico de um amor, talvez, comercial e a leitura ja dita com o seu amor forte e exagerado... Volto a me perguntar se o amor existe, nos dois romances os protagonistas "morrem de amor e morrem por amor", o mesmo sentimento que a mim nunca se fez presente. Como Werther eu também sou apaixonado pela natureza e nada me faz melhor do que certas ocasioes as quais posso disfrutar do poder (intranscendente) que a natureza por si so nos oferece. Agora, diferentemente a Romeu e Werther que se matam por amor, as vezes me acho um ser apatico e incapaz de demonstrar e viver um amor verdadeiro. Devo eu quebrar essa barreira e me tornar um ser mais apaixonado? Ou sera que estou guardando e acumulando todo esse amor para apenas uma mulher que ainda ha por vir? Ou sera que essa mulher ja envelhece defronte a mim e eu cego nao consigo ve-la? Nao sou cetico o suficiente para nao acreditar no amor pois eu acredito. Se acredito em ET's porque nao acreditar em amor? Ou vice versa... :D
Boa Noite.

3 comentários:

Daniel Simon disse...

Olha é amor é algo relativo, como tudo na vida eu acho. Assim como vc disse sobre a obrigação de "sair sábado a noite." Eu acho um saco a obrigação de amar.

Das 3 uma, ou vc ainda não encontrou, ou a tal pessoa está debaixo do seu nariz e vc não percebe. Ou então ligue o FODA-SE, vc não ama ninguém. :D

Ai ai... um dia ainda vou a Europa.

C. Luke Drácula disse...

O cemtário do Simon é ótimo. Mas eu discordo dele e sobretudo de você.
Todos amam cara, todos são capazes de amar, o erro está em compara o seu modo de amar, com o modo alheio de amar. Você sabe amar as coisas, você as ama de seu jeito, então pra que se esforçar pra 'amar' as coisas (não só uma mulher, mas tudo mesmo)?
Fica tranquilo, um dia você vai ver que sabe amar, que você ama e não sabia, e que só dirá isso, depois de um tempo. Quem sabe o amor em você esteja só amadurecendo tbm...
Ah eu podia fazer um texto sobre isso, mas fica pra outra hora.
Aproveite a cidade ao seu modo, ame-a ou foda-se (segundo a filosofia do Simon xD)!

Glenn disse...

Interesting question you ask there Alex, and thoughtfull answers from your friends. Please have my answer, just for fun:
To love is to suffer. To avoid suffering one must not love. But then one suffers from not loving. Therefore to love is to suffer, not to love is to suffer. To suffer is to suffer. To be happy is to love. To be happy then is to suffer. But suffering makes one unhappy. Therefore, to be unhappy one must love, or love to suffer, or suffer from too much happiness. I hope you're getting this down:)

Reading your blog, it seems like you get a lot out of your stay in Europe! Keep meeting new people, discovering and learning. Best wishes,

Glenn