quinta-feira, 25 de março de 2010

Venezia

Venezia 23/03/10

Entao, segunda feira eu sai de casa pois ja estava melhor da febre e da gripe (isso em Bologna ainda). Fui com o Nicolò e Rila (namorada de Nicolò, nao sei se ja mencionei dela aqui antes) para a zona da universidade. A princìpio era pra Nicolò ir pra aula dele e eu e Rila andarmos um pouco por ali e usar um pouco de internet. Mas Nic encontrou com alguns amigos no jardim, uma espécie de mini-parque, perto da universidade, onde os jovens vao para ficar a toa, conversar, fumar maconha e, porque nao, estudar. Ficamos la batendo papo e matando o tempo. Depois fomos para a internet e Nic à aula, pelo menos foi isso que disse. Mandei uns emails necessarios para a minha mae e Rila ligou para a dela. Ela é brasileira. Baiana porém mora em Goiania. Os dois comecaram a namorar quando Nicolò foi pra Goiania no ano passado e ficou na nossa casa, e agora ela veio para a Europa para ver se encontra algum trabalho na Inglaterra. Nic chegou por la e saimos. Ela quis comprar uma cerveja. Entrou numa loja e comprou uma enquanto eu era impressionado pelo preço do whisky. Um Red Label por 11€ ---->27 reais, tudo bem que eram 750ml, mesmo assim, tranformando em um litro ficaria 33 reais. Ai no Brasil paga-se 69 reais. Mais do dobro. Enfim, ela comprou a cerveja dela (ato que se repeteria algumas vezes) e fomos procurar alguma coisa pra fazer. Nic nos levou para um ambiente muito bacana onde era tipo uma escola/bar/café/espaço para jogos... onde se ofereciam cursos dessas coisas diferentes. Tipo curso para barman, malabarismo, magicas, etc. E la em cima tinha o café, sempre seguindo a cor vermelha carecteristica do ambiente. Là passamos a nossa tarde. Jogamos dominò, conversamos, jogamos chadrez, tomamos café, chà e capuccino e rimos muito. Gostei muito daquele espaço. Tinhamos que voltar pra casa porque iriamos sair para comer pizza naquele dia mas, antes, paramos para Rila tomar a cerveja dela. Conversamos um pouco mais e voltamos de vez. Depois de um pouco fomos para a pizzaria como todos. Foi lindo. Tudo muito bom, a conversa, a pizza, a sobremesa, a caminhada sob o luar na cidade... A pizza aqui da Itàlia é muito boa sim, diferente do que alguns brasileiros que vem pra cà falam. Ela é mais simples, sim. Mas eu sou meio "minimalista", pra mim o bom é sentir o gosto da massa de pizza assada banhada ao azeite de oliva, do molho de tomate bem feito e, quase como um tempero, o queijo. Aqui cada um come uma pizza inteira, nao como no Brasil que colocam a pizza no meio da mesa e cada um pega um pedaço. Pessoalmente prefiro do jeito italiano :D. Voltamos pra casa e nao me lembro se saimos depois ou se domimos. Nao importa. Importa é que no dia seguinte acordamos, tomamos café e fomos para a rodoviaria pegar um trem com destino a Veneza (aqui chamada Venezia).

Ja era tarde quando chegamos na estaçao. Chegamos 2 minutos atrasado e nao conseguimos pegar o trem das 2, tendo que esperar uma hora para o proximo. Enquanto isso? Parados nao podemos ficar. Fomos andar pelas bandas. Tinha um parque suspenso muito belo pelas redondezas e o conhecemos, depois do outro lado havia uma feira de comida. Salames, queijos, doces, salgados, paes... Nos passamos em frente de todas as barracas e comemos todas as "amostras para degustaçao" que eles ofereciam, cheguei a experimentar até salame de carne de burro. Isso mesmo. Mas nao gostei muito, era forte. Como eu suspeitava nao gosto de burro. Compramos alguns biscoitinhos para comer no trem e vimos as horas, estavamos a 10 minutos do horario de saida do trem e um bocado longe da estaçao. Corre! Todo mundo correndo. Subindo, descendo as escadas do parque suspenso, esperando para atravessar a rua... So sei que quando entramos no trem o mesmo saiu. A viagem foi tranquila. A pessoa que passa olhando os bilhetes passou e perto de nos havia uns 4 africanos, nenhum deles tinha passagem e muito menos sabia falar italiano. Foi uma cena muito engraçada... Comemos os biscoitinhos e alguns deles tinham pimenta. Começamos a sentir sede. A partir de um momento da viagem sò pensavamos em achar um lugar para beber agua. No trem nao tinha (trem de pobre é assim). Nic teve que sair do trem quando ele parou em outra cidade para comprar agua e quase ficou la. Com sorte recebemos nossa agua. Ele havia comprado com gas "Foi o primeiro botao que eu vi eu apertei" falou ele desculpando-se. Nos fartamos de àgua com gas. E a paisagem era outra coisa com que se poderia deliciar ali na viagem, alguns morros com castelos no topo, ou apenas fazendas charmosas ou simplesmente campos verdes sob o sol jà eram lindos. Chegando em Veneza nao se ve nada de mais. Pra falar a verdade, a minha chegada na cidade nao foi boa. Estava com vontade de fazer xixi e la na estaçao tinha banheiro, mas o detalhe é que o banheiro era pago. 0,80€, dois reais. Foi o mijo mais caro que jà fiz. Quis aproveitar o maximo desse dinheiro que deixei la, tentei fazer coco, mas quando nao ha vontade nao da mesmo... Depois de pagar o direito de o meu xixi morar nas aguas de Veneza saimos da estaçao e ja demos de cara com a linda cidade onde as ruas sao rios e os carros sao barcos. Antes de começarmos a jornada, para variar, Rila comprou uma cerveja. Sim, agora estàvamos pronto para desvendar Veneza! Pra onde vamos? Seguimos o fluxo! Mas tinham diversos fluxos, e agora? Na volta do banheiro havia encontrado um papel dobrado no chao da ferroviaria, abro e é um mapa. Dei sorte. Mais tarde vi o mesmo mapa sendo vendido numa barraca por 3 €. O meu estava um pouco sujo e usado, mas até melhor porque era mais facil de dobrar e guardar. E em Venezia nao se anda sem um mapa. As vielas sao um labirinto, literalmente. Mesmo com o mapa nos perdemos varias vezes. Eram jà 5 e meia quando chegamos e ja começava a escurecer, entao andamos, tiramos algumas fotos, vagamos pelas vielas de Venezia. Linda. Paramos em outro lugar para Rila compar outra cerveja. Nos perdemos uma vez e fomos parar num pier na beira do rio maior onde circulavam os barcos maiores. Ja era noite, sentamos nesse pier de madeira, à luz do luar vendo os barcos e as belas constuçoes ao redor, comemos os restos de biscoitos e pao que tinham na mochila e eles fumaram os cigarros deles... Foi um momento legal, demos chau para os barcos que passavam cheios de gente e nenhuma pessoa respondia o chau. Foi engraçado. Chegamos num dos pontos turisticos, a ponte de Rialto. Muito bonita, branca com algumas lojas sobre ela. Continuamos o itineràrio turistico e chegamos na praça de Sao Marco. Essa sim era muito bonita, assim, transcedental (nao sei se està certo). A basilica estava em reforma de sua fachada, mas se via beleza suficiente na parte que dava para ver. Cada canto olhado abriam-se infinitos detalhes mais o que enchia seus olhos e rendia alguns minutos so para observar.
Depois de vermos os pontos turisticos e parte da cidade, tudo a pé, ja eram quase nove da noite. A idéia agora era de procurar um lugar para beber e festar o resto da noite. Assim, nao era a minha ideia, mas era "a" idéia. Entao seguimos para uma àrea chamada Dorsoduro onde se dizia ter mais movimento a noite. Nao encontramos algo significativo. Paramos para comer paninis e pizzas porque tudo mais era muito caro. Comemos e ela comprou mais uma cerveja. Andamos mais e achamos um lugar onde vendiam Spritz por 1,50€, muito bararto segundo Nic. Era uma mistura de vinho branco, agua com gas e licor. Era bonzinho. Tomamos um cada e aproveitamos para sentar e decidir o que fariamos apos. Decidimos procurar um hotel. Ja eram 10:30 da noite. Era um pouco tarde para isso né. Fomos para o lugar mais proximo que haviamos anotado numa breve pesquisa (para encontar os mais baratos) que fizemos na noite anterior. Chegando la depois de um bocado de caminhada o hotel estava cheio. Ficariamos nos 3 num quarto (com mais pessoas) por 30€, um preço excelente em Venezia, pena que estava cheio, e nos estavamos fodidos. Ficamos perguntando desesperadamente por hoteis ali. Haviam varios, todos muito mais caros. Pegamos balsas (ilegalmente) sem pagar e onibus da mesma forma para ir a uma cidade que ficava fora da ilha, chamada Mestre, procurando por algo mais em conta. Economizamos, ao todo, 42€ em transporte. Mas tambem chegamos num lugar tao longe que tivemos que andar muito para voltar no ponto onde queriamos. De Mestre nos nao tinhamos o mapa, e ja eram 1 da manha. A ciadade morta e nos a pé e o frio... Rila parou pra comprar uma cerveja e comer um trem la. Foi uma aventura e tanto! Ficamos zanzando e procurando por hotel até duas e meia da manha quando encontramos uma pensionato e pedimos para a velha que havia acabado de acordar para ficar por la. Ficou ao todo 50 €, 17 pra cada. Dormimos como pedras.
No outro dia acordamos as onze. Dormiriamos mais se fosse possivel. Se passassemos das onze iriam cobrar outra diaria. E a dona ficava dando indiretas para sairmos o mais rapido possivel. Saimos e pegamos um onibus para retornar a Venezia historica. Ela a luz do dia é mais bonita do que a noite. Fato. Fizemos outro percurso. Sempre ouvindo e vendo pessoas de todo mundo andando ao seu lado, inclusive brasileiros. Foi tudo muito bom. Paramos para almoçar uma pizza e beber algo e comemos o caracteristico sorvete de Veneza, muito bom este ultimo. Fizemos o caminho de volta so pensando em chegar logo e descansar as pernas... Nos despedimos de Veneza pegamos o trem com destino a Bologna e fomos. Veneza, uma cidade linda mas, apesar de tudo, nao senti um ar bom nela. Subjetivamente falando. Nao fiquei surpreendido ou maravilhado ou apaixonado... Nao senti a "energia". Parece que a cidade é so a fachada turistica e nada mais. Nao pretendo voltar tao cedo.
No trem fomos num vagao cheio de meninas que ficavam gritando e bagunçando a viagem toda. Mesmo assim, nos tres pegamos no sono pois estavamos muito cansados. Nic disse ter sonhado que estava numa escola cheio de menininhas chatas gritando. Nao era uma escola e nem eram "menininas pequenas" mas o resto era realidade. Bologna novamente.

Um comentário:

Daniel Simon disse...

Seus relatos me lembraram os de Jack Kerouac. Quem sabe, esta viagem não seka um novo on the road.