domingo, 25 de abril de 2010

Capri

Os fatos aqui estao um pouco fora de ordem, antes de Capri eu passei cinco dias em Napoli e dois na ilha de Ischia os quais citarei melhor depois, pois ainda nao os escrevi.

Me ponho a escrever aqui em Capri, uma ilha proxima a Napoli. Começou a chover e eu estou abrigado numa espécie de mesa coberta onde havia parado para comer meu panini que trouxera de casa. Ha pouco tempo descobri que essa ilha que estou é a ilha onde se passa um dos circuitos de Rally do jogo de video-game Grand Turismo. Um excelente jogo de carro o qual marcou boa parte da minha infancia e adolecencia, boa parte. Esse lindo circuito estivera no jogo com o nome de Città di Amalfi e as vezes o jogava somente para me deliciar com a bela paisagem virtual do outro lado da tela. Com o meu Hilux Prototype Rally Edition fazia o circuito em 4 minutos. A pé com a quantidade de subidas, descidas e possiveis paradas para observar o cenario, calculei 3 horas. Havia chegado de barco da ilha de Ischia as 11 e voltaria as 4 e 40 da tarde, tranquilo. No jogo sempre que se jogava havia um tempo excelente: o céu totalmente limpo, o sol brilhando, as aguas muito claras... Chego aqui no frio, com uma neblina expessa e agora começa a chover... Era um sonho da minha adolecencia vir para esta ilha mesmo sem saber exatamente onde ficava, e, de uma maneira coincidentemente inesperada aqui estou, realizando um dos meus "sonhos". Agora a chuva deu uma parada, vou aproveitar...

...

A chuva nao havia parado. Nao sabia aonde ia e fui procurar um lugar no centro onde pudesse me localizar no mapa e decidir aonde ia. Havia um grupo de turistas americanos que estavam parados no unico lugar coberto e protegido da chuva. Enquanto analisava o mapa ouvia o guia deste grupo dizendo: "A chuva aqui pode durar tres dias entao...". Nem esperei ele terminar o que estava dizendo. Em Goiania quando chove a gente espera a chuva passar para fazermos algo. Nao tinha tempo para esperar 3 dias e me meti debaixo da chuva, escolhi uma direçao aleatoria e me mandei. Escolhi bem. Fui parar num lugar lindo e sem nenhum turista. Lindo mesmo. Fiquei um pouco ali debeixo da chuva me aventurando no meio das pedras e vendo de quando em quando barcos de turistas passando distante e tirando fotos. Fiz alguns videos toscos e faria mais se nao tivesse medo de que a maquina quebrasse com a agua da chuva que entrava em seus meios eletronicos. Voltei, peguei o funicular para descer ao porto. Dentro do funicular conheci alguns brasileiros muito simpaticos, sempre de Sao Paulo. Um homem me deu um mapa turistico de Roma quando soube que eu iria para la poucos dias mais tarde. Infelizmente tivemos que nos separar por motivos obvios assim que chegamos na estacao final do funicular. Estavam em um grupo. Eram por volta de 40 pessoas. Todos com mais de 40 anos e a maioria com mais de 60. Eh bom escutar o portugues depois de tanto tempo. Na verdade é bom conversar em portugues, porque ouvir se ouve ate com certa frequencia em bares, restaurantes, na rua, na radio as musicas brasileiras, Tribalistas, Ivete Sangalo, Chico Buarque, Garota de Ipanema (pra variar), Originais do Samba, Caetano Veloso, etc, etc. A musica brasileira é bem apreciada por aqui e se fala muito do Brasil na Italia. Fiquei satisfeito. Imaginara um pouco mais de apatia. OK. Voltando ao porto, onde pegaria o barco de volta para Ischia, vi que ainda faltavam 40 minutos para a saida. Por orgulho fui terminar o circuito do Grand Turismo a pé. Ja havia feito metade antes quando subi a montanha, faltava a outra metade e teria que subir de novo. Fiz essa parte do circuito e percebi que o video-game era fidedigno em algumas casas e paisagens e nao em outras, sempre mudando para melhor, é claro. O circuito era muito menor que eu imaginava. Enfim. Estou indo de volta a Ischia e amanha vou a Roma.

Rabiscando

"... E, ao mesmo tempo aquele sonho perfeito é um pesadelo inigualavel pois quando acordo a realidade se faz forte e cruel: nao posso te-la em meus braços como outrora a possuia facilmente numa realidade fantastica."

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Bologna!

Amanha vou a Napoli e farei meu giro maior. Começar de vez o backpack, o mochilao. Porem ainda ficarei em casa de conhecidos, mas mesmo assim é um bom passo adiante! Abraços a todos. E aqui o que se ouve falar do Brasil é o caso do diluvio no Rio de Janeiro. Para aqueles que moram la uma boa sorte no retorno da semana. Aqui se fala de mais de 200 mortos, e poem em cheque o fato do Brasil ser sede das Olimpiadas e da Copa do Mundo...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Trento

05/04/10
Nem me lembro quando foi a ultima vez qe escrevi. Nesses ultimos tempos eu tenho chegado em casa tarde o bastante para nao ter nenhuma energia para escrever... No sabado eu fui a Trento. Peguei um trem às 10:10, o mais cedo, que chegaria em Trento as exatas 12:52. No trem cheguei cedo o suficiente para encontrar um vagao todo vazio. Me sentei naturalmente perto da janela. O vagao encheu. Atraz de mim sentou-se um grupo de jovens que logo começaram a tocar violao quebrando o silencio do ambiente. A minha frente (virado pra mim) sentou uma mulher de meia-idade, mau encarada, e, depois, ao meu lado se senta um jovem alemao (ou suiço ou autriaco) com outros dois amigos que se sentaram proximo a ele. Se olharam um pouco, trocaram algumas palavras e cada um abre um livro que so parariam de ler em Verona, destino final deles. Estava um dia lindo e limpo. O grupo de jovens parou de tocar violao e começaram a jogar palavras cruzadas. Enquanto a mim, abri o livro que começei a ler esta semana "O amor em tempos de Colera" de Gabriel Garcia Marques, um escritor colombiano autor também do livro "100 anos de solidao". O titulo ja exibe um palavra que tenho dito muito ultimamente: amor, mas a escolha desses livros para eu ler foi puro acaso. Leio o livro até o grupo atraz de mim recomeçar a tocar violao: Ton toron ton ton, tà tà tàtà ta ta, tcha tcha, Ton toron ton ton... Era o começinho de Wish You Were Here, mau tocado por sinal. Começaram a "cantar" naquele sotaque de italiano falando ingles, muito engraçado. Acertavam tres palavras, resmungavam cinco e erravam dez, mas foi bem agradavel de se escutar, principalmente porque se ouvia mais vozes femininas, portanto mais delicadas. O trem parou em Verona onde desceram a maior parte das pessoas, e continuou em direçao a Trento, assim como eu. A paisagem muito bonita de fazendas, plantaçoes fica ainda mais bonita depois de passarmos por um tunel e nos vermos num vale rodeados por montanhas algumas ainda com neve em seus picos. No vale, onde encontravamos, se delineava um rio (fiume Adige), plantaçoes de uva (vinhedos) e as vias de transporte: ciclovias, rodovias e ferrovas. Eh um vale bem comprido, onde tambem se locaiza Trento a alguns quilometros adiante. Em Trento ficaria na casa de conhecidos da minha mae: Sandro, Rossane e o filho Lorenzo Nardelli, de 21 anos. Sandro me esperava na Ferroviaria. Eu so o havia visto quando muito pequeno e nao me lembrava de seu rosto. Ele veio até mim: "Alex?", "Si, si" respondi. Depois ele disse algo como "Reconheci o seu rosto de brasileiro!" Nao sei o que ele quis dier com isso mas aceitei como um elogio. Logo no caminho da estaçao para a casa dele dava para perceber a diferença de Trento com Bologna e as cidades que ja havia visto, com excessao a Venezia que é diferente de tudo. As ruas mais organizadas, as placas sempre com duas e até tres inscriçoes (italiano e alemao sempre e as vezes ingles tambem), toda a paisagem terminava em montanha (para onde se olhava se via um pico nevado), etc. Bem que minha mae falou que aqui era a regiao mais austriaca da Italia. Chegando em casa saluto Rossane e Lorenzo e logo sentamos para almoçar. Teriamos arroz e feijao. Primeira vez que comeria esse prato depois de sair do territorio brasileiro. Sandro que havia preparado. Ele morou por quatro anos no Brasil, tendo tempo para aprender a maneira correta de preparar o jenuino arroz e feijao. Estava fiel ao nosso, portanto bom. Findo o almoço Sandro me leva para subir as montanhas. Infelizmente o tempo estava fechado nao dando para ver nada do panorama e da paisagem prometida "espetacular" de Sandro. Era uma pena. Quanto mais subiamos mais o tempo fechava, mais frio ficava e mais neve precipitava. Chegamos no ponto mais alto que o carro conseguia subir. La em cima havia uma estaçao de ski onde pessoas esquiavam ou aprendiam. Estavamos a 1500 metros acima da cidade de Trento e a temperatura era de -1 ou -2 graus celcius. Saimos do carro para andar um pouco na neve. Era a primeira vez na vida que via a neve caindo. Eh belo mas nao ha nada de magico. Eh igual aos filmes. A neve no chao é legal, macia e gelada. Sandro fez uma bola de neve, mas a nossa intimidade nao lhe permitiu atirar a bola com força em mim apenas jogando para cima de uma maneira que eu pudesse pega-la. Peguei e joguei de volta pra ele. Ja imaginei uma guerra de bolas de neve em todo aquele espaço. Devi ser muito massa! Tiramos foto. Eu me arrisquei andar num trocinho que deslizava na neve que parecia ser feito para crianças de 6 a 12 anos. E ainda caì. Se descia sentado mas minha bunda nao cabia toda no trocinho e o meu pé ficava arrastando na neve. Foi horrivel. :D
Voltamos à casa para assistir o segunto tempo de Inter x Bologna pois Sandro torcia para a Inter, atual lider do campeonato. Assisti com ele pois, como sabem, gosto de futebol. O jogo acaba. Dois gols do brasileiro Tiago Motta e uma vitoria facil de 3 a 0. Milan e Roma tambem venceram, nao alterando em nada a diferenca de pontuaçao entre os lideres. Pouco depois chega Lorenzo que me convida para sair com ele. Ou iria para a missa com os pais ou sairia com o filho e seus amigos. Fui com o filho. Primeiro chegamos na casa de alguem onde havia uma grande mesa lotada de pessoas. Todos homens e uma meina que, segundo eles mesmos, era considerada homem também. Se bem me lembro tinham umas 15 a 20 pessoas naquele recinto. No meio da mesa duas caixas de cerveja com 24 latas cada. Uma ja estava no final quando cheguei. Achei interessante que aqui as pessas se demonstraram mais interessadas em mim do que aquelas que conheci em Bologna. Mais interessadas no Brasil, em saber o que eu faço, em pouco de portugues, nos meus planos pela Europa... o que eu acharia ser o normal e em Bologna com os amigos de Nicolò nao ocorreu. Nao digo que fora diferença cultural ou coisa do tipo mas é a diferença de ambietes mesmo. Os amigos de Nicolò sao bem mais alternativos do que um "alternativo comum", musicos, drogados, estao nem ai com nada... Os amigos de Lorenzo sao das humanas tambem mas sao muito mais normais (apesar de tambem drogados...). A festa nao seria ali. O motivo do encontro era o aniversario de gemeos. A janta seria num restaurante afastado da cidade que era uma antiga fazenda. Era um bocado peculiar. Serviam comida mexicana e pratos pesados de carne (maioria). Os preços me assustaram um pouco, a conversao destes em reais me assustaram muito. Pedi o mais barato, um burrito de frango. Para beber todos pediram cerveja que eram trazidas em jarras de 1,5 litros... Nao contarei os detalhes das festas, das noites e da minha vida noturna, porque:
1° Sao muitos e estou com preguiça;
2° foge um pouco do meu objetivo;

3° é um tanto particular e eu tenho vergonha.
Voltamos as 4 da manha mortos e morremos cada um em sua cama.

No domingo acordei as 11. Almoçamos carne pesada (de porco) e batatas para a pascoa. O bacalhau nao é comum aqui. Depois do almoço visitamos a mae de Sandro que conhecia minha mae. Uma sehora muito simpatica que carregava sempre um sorriso no rosto. Vivia numa casa onde tambem viviam outros familiares, irmaos, tios, netos, sobrinhos, etc. Quando cheguei fui recebido por aquela alegria familiar que enchia o ambiente. Todo mundo rindo, falando alto... Sentamos numa mesa onde estava servido uma colomba e café para quem quisesse. Conversamos um bocado sobre assuntos diversos. Riram um pouco de eu falando italiano mas depois elogiaram o meu progresso (:) e depois despedimo-nos e Lorenzo me levou para conhecer o centro da cidade. Bonito também, mas bem pequeno. Ficamos pouco tempo, demos um giro e retornamos a casa para sairmos de novo. Nesta noite teria a noite de Poker. Chegando no ambiente percebi que era serio mesmo o negocio. Vinte e uma pessoas, tres mesas com 7 pessoas cada, cada um pagaria 5€ para ingressar e teria direito, se quizesse, a tres rebuys até o fim da primeira parte, que duraria 3 horas. Foi muito bom. Fiquei de frente a uma das duas mulheres de tudo. Era uma disputa pessoal. Ela nao era bonita mas tinha uns olhos maravilhosos. Foram até muita as vezes que ficamos so nos dois disputando o pot. E algumas vezes eu aceitava o raise so para ter motivo para ficar olhando em seus olhos procurando o blefe e ouvi-la resmungando palavroes em italiano. No fim das contas eu fui até a ultima mesa. Fui o oitavo, nao ganhei nada. A mao que sai do jogo foi interessante (quem nao gosta de poker pule essa parte até o astersico (*)). A minha mao era um J e um 10 de copas. A mesa toda havia saido apenas pelo alto big blind. Eu era o small. Sobramos so eu e o big. Quando chegou a minha vez de cobrir eu cobri o blind e dobrei o mesmo, o cara aceitou. No flop abrem dois 10 e uma outra carta sem importancia. Eu olhei assim, exitei e dei mesa. Na vez dele ele olhou pra mim e disse "all in", fiz um charminho e aceitei obviamente. Ele se surpreendeu e abrimos nos dois o jogo. Ele havia um par de 5 na mao, enquanto eu ate o momento havia uma trinca de 10. Ele se supreendeu com o meu jogo e ja tava me passando as fichas quando na ultima carta abre-se um cinco e alguem na mesa disse "Full" e eu "Fulldeu!". Ele havia feito um Full House com a trinca de 5 e os dois 10 na mesa, que batia a minha trinca de 10. Quando contei as minha fichas, as dele me superavam por menos de um small bind tendo eu que dar-lhe tudo e sair do jogo. :\(*)
Começamos as 7 da noite e terminamos 2 da manha a jogatina. Até que ganhei respeito entre aquelas pessoas no final de tudo. Pela minha idade, por ja estar fazendo universidade, pelo curso que eu faço na universidade e pela forma que eu jogava poker. Achei engraçado tudo aquilo. Como as pessoas passam a respeitar os outros apenas pelas aparencias e pelo o que fazem mas nao pelo que sao.
Aqui na Italia se começa a Universidade com 19/20 anos. Isso porque eles tem 2 anos a mais de estudo que nos. Uma maneira que eu acho que deveria ser tambem no Brasil. E a reaçao que as pessoas tem quando digo que faço engenharia é mais ou menos a mesma que no Brasil "Dificil hein!" ou alguns apenas dizem "Ahh" olham pra algum amigo com a cara de Ohh! levantando a sombrancelha e depois abaixam a cabeça. Outra coisa que nao gosto tambem. A pequena diferenca da reacao daqui para a o Brasil é que aqui eles pagam mais pau para engenharia do que para Direito e o mesmo tanto que Medicina. Nao que isso importe.

No outro dia eu e Sandro saimos para andar de bicicleta pela cidade. Foi magico. O dia estava mais claro e o ceu mais limpo do que todos os outros dias. O passeio de bicicleta por entre as montanhas e vilarejos e rios e pontes e tudo foi maravilhoso. O vento frio em nosso rosto contrabalançando com o sol esquentando as nossas vestes. Voltamos à casa de Fernanda (mae de Sandro) para cumprimenta-la, ela me deu 50€ sem motivo nenhum e falou que ela pra comprar uma pizza. Com esse dinheiro compro 10 pizzas. Nao quis aceitar mas ela fez uma cara tao gentil que nao teve como recusar. Voltamos para a casa, peguei minhas coisas e fui embora. No trem de volta estava tudo lotado tendo eu que viajar em pé até Verona. De Verona a Bologna uma mulher sentou ao meu lado com um cachorro no colo. Aqui cachorros sao como homens so que nao pagam. Puxamos um assunto casual e ela me falou que estava aprendendo espanhol (quando falei que falava portugues) fui ajuda-la um pouco com aqueles exercicios de espanhol e acabou sendo m desastre porque quando tentava falar em espanhol acabavam sainda mais palavras em italiano do que espanhol! Foi muito engraçado. O cachorrinho preto dela parecia ter pavor de trem, ficou a viagem toda ofegando como se estivesse cruzando e tremendo como se estivesse morrendo de frio. Do outro lado do trem havia uma mulher adulta jà, muito bonita e seu filho. Nao sabia se era italiana ou alema pois conversava com o filho nas duas linguas apesar dela aparentar mais alema com seu cabelo loiro amarelado, daquela cor bege dos nossos lapis de cor Faber Castell 36 cores.

7/05/10
Ontem antes de dormir fui escutar um pouco de radio e logo a primeira musica me surpreendeu. "Roundabout" de Yes, uma versao ao vivo e sem cortes, muito bom, fiquei delirando os quase 10 minutos de musica. Depois toca um rock que me pareceu Rolling Stones e a proxima era "Money" Pink Floyd, tambem uma versao ao vivo e sem cortes, penso que do show A Delicate Sound of Thunder, tambem com quase 10 minutos, em seguida uma musica que inicia com o piano a qual nao conhecia, mas depois de surgir a voz nao me restou duvidas, David Bowie, era tambem ao vivo, em seguida uma do Dire Straits que me esqueci o nome e logo quando terminou esta desliguei logo porque ja havia passado uma hora da hora que tinha deitado e se nao desligasse ficaria mais algumas esperando curioso "a proxima musica".